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Gestão ambiental se faz com prevenção
Pesquisador da Embrapa palestrou na aula inaugural do curso de Agronomia do IFRS, em evento satélite do Seminário Brasileiro de Gestão Ambiental de Agropecuária a ser realizado na Fiema Brasil 2018
Para não correr o risco de ser penalizado pela fiscalização
ambiental por descuido ou despreparo, o ideal é o produtor traçar um plano de
gestão na área. A recomendação é do agrônomo e pesquisador da Embrapa Luciano
Gebler, conferencista da aula inaugural do curso de Agronomia do Instituto
Federal do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves, ocorrida quinta-feira,
na sede do educandário. Também evento satélite do Seminário Brasileiro de
Gestão Ambiental de Agropecuária a ser realizado na Fiema Brasil 2018 –
encontro promovido pela Fundação Proamb – a aula-palestra teve como tema “Por
que nos preocuparmos com a gestão ambiental na propriedade rural?”
Falando a uma plateia formada por representantes do poder
público, entidades, lideranças, alunos, agrônomos e técnicos agrícolas, Gebler
reiterou a importância da classe ao ser a responsável por estabelecer a
comunicação com o agricultor, traduzindo a linguagem técnica para o dia a dia
do produtor. “Muitos fazem, ainda hoje, o que o pai e o avô faziam. Por isso nós
temos que levar a legislação ambiental a eles, mostrar a importância de
conhecer a lei e os códigos, bem como lembra-los de que existem assessorias e
entidades especializadas para oferecer o suporte necessário e auxiliar no
cumprimento dessas normas que, apesar de antigas, recentemente começaram a ser
fiscalizadas”, disse o agrônomo, mestre em Engenharia Ambiental pela
Universidade Federal de Santa Catarina e doutor em Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Na área
ambiental, tudo é melhor se for tratado antecipadamente do que posteriormente.
É melhor preparar a propriedade do que incorrer em algum problema com a lei”,
orientou.
Para ele, o mais difícil é mudar a mentalidade das pessoas,
já que muitos aspectos relacionados à agricultura se transformaram nos últimos
anos. “Uma vez tu compravas a terra e ela era tua. Hoje não, ela tem que
cumprir sua função social. Então se não dava nada em 1988 (época da
Constituição), hoje não temos mais certeza. Se não mudarmos com essa questão
ambiental, vem o fiscal e faz você mudar, porque senão vai preso”.
Segundo ele, desempenhar uma gestão ambiental adequada
depende da identificação dos riscos derivados de determinada atividade, pois
assim saberá como proceder nas situações mais emergenciais da propriedade. Em
muitos casos – ou na maioria deles –, tudo será relativo. “Água não faz mal,
mas se você tomar 50 litros você vai morrer”, comparou. “Tudo é risco, nada é
risco, depende da dose”.
Neste contexto, situa o agrotóxico, produto com mais de 2
mil princípios ativos em diferentes famílias químicas. “Tenho três ministérios
dizendo que é seguro, e eles fizeram testes. Pouca gente domina todo o ciclo
dos agrotóxicos. Ele é seguro na forma dispersa e inseguro na forma
concentrada”, explicou. Por isso, disse que esses produtos precisam ser
manejados sobre um piso, o que facilita sua remoção em caso de queda – caso
contrário, contaminará o solo.
Por motivos assim, a gestão ambiental é – e continuará sendo
– assunto na pauta das propriedades rurais. Esse planejamento pode começar com
o próprio produtor fazendo o mapeamento da área – a partir de um croqui, do
Cadastro Ambiental Rural ou de softwares como o Google Maps – e descobrindo os
pontos de riscos ambientais (ecológicos, sociais e econômicos). Com a ajuda de
técnicos, então, pode gerenciar os riscos – o que fazer primeiro, como fazer –
e apresentar as soluções – responsabilidade e temporalidade. Aos alunos, Gebler
deixou como recomendação: “não olhem a gestão ambiental como uma coisa estranha
e sim como uma parte importante da vivência dentro do curso”.
Sobre a Fiema
A Fiema Brasil – feira de negócios, tecnologia e
conhecimento em meio ambiente – chega a sua oitava edição em 2018, agendada
para ocorrer de 10 a 12 de abril, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS).
Com previsão de reunir 200 expositores e público visitante de aproximadamente
10 mil pessoas, está consolidada como importante encontro estratégico no
segmento de gestão ambiental. Além das oportunidades de negócio, tem uma agenda
concomitante de atividades voltadas para a transmissão de conhecimentos na
programação de eventos do Fiemacon. Quem assina sua realização é a Fundação
Proamb, entidade com mais de 25 anos de atuação em soluções ambientais.