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AMBIENTE PRODUTIVO: IDEIAS QUE FUNCIONAM. COOPERATIVA SANTA CLARA.
COOPERATIVA SANTA CLARA: PIONEIRA
EM SISTEMA DE BIODIGESTÃO
De forma geral, biodigestores são equipamentos onde microorganismos aceleram
o processo de decomposição da matéria orgânica sem a presença de oxigênio. Tecnicamente,
o processo é denominado biodigestão anaeróbia. O produto resultante do processo
é o biogás e biofertilizante (adubo orgânico líquido). O conceito é simples: ao ser colocada matéria
orgânica, como restos de alimentos, dejetos animais ou humanos e resíduos
agrícolas, dentro de um tanque hermeticamente fechado, o processo de degradação
começa naturalmente.
A aplicação de tecnologias para tornar o processo mais eficiente e serem
produzidas maiores quantidades de gás tornou o biodigestor uma solução cada vez
mais empregada no setor industrial em todo o mundo. Na Alemanha, por exemplo, o
uso de alta tecnologia no processo gerou todo um setor econômico que movimenta
milhões de euros por ano.
No Brasil, a tecnologia da biodigestão também tem se disseminado pelo
setor industrial, em empresas de todos os ramos de atividade. É o caso da
Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa (RS). Fabricante de laticínios e
produtos frigoríficos, a empresa tem como princípio de sua política corporativa
a preservação ambiental por meio de ações como tratamento de efluentes, central
de triagem de resíduos sólidos, coleta de embalagens de agrotóxicos, com
destaque para a estrutura para a produção de biogás por meio de seu sistema de
biodogestores.
A Santa Clara é pioneira no estado do Rio Grande do Sul em processo de
biodigestão. Em duas de suas granjas estão instalados os biodigestores do tipo
canadense, cuja característica principal é que a matéria orgânica deve ser
inserida diariamente em um compartimento para ser triturada e diluída.
Em 2008, o primeiro biodigestor foi instalado na granja de suínos da
empresa, em Carlos Barbosa. Ali são desenvolvidas 850 matrizes em ciclo
completo (todas as etapas de crescimento), totalizando um plantel de 8.000
animais. Em 2011, o sistema também foi implantado na unidade de produção de
leitões (UPL), localizada em Selbach, na região do Alto Jacuí (RS), que abriga
3.100 matrizes em produção, com um plantel de 18 mil animais. O objetivo final era
o de utilizar o biogás como combustível renovável para a geração de energia
elétrica, de forma a reduzir ou até eliminar custos de energia nas granjas e
nos equipamentos de aeração das lagoas de tratamento de efluentes nas unidades fabris
em que os biodigestores seriam implantados.
Baseado no tipo de criação e número de animais, hoje o sistema de Carlos
Barbosa produz 1.000 m³/dia de biogás, com 60% de gás metano. Em Selbach, a
produção é de 1.500 m³/dia de biogás, com cerca de 60% de gás metano. Nos
sistemas instalados pela Santa Clara, a cada 1 m³ de biogás produzido é gerado
1,43 kWh. Para ter ideia das dimensões envolvidas no processo, o biogás gerado
em um mês em Carlos Barbosa equivale ao que geram de energia 23 mil litros de
óleo diesel, 146 mil kg de lenha ou 1.290 botijões de 13 kg de gás de cozinha.
O investimento da cooperativa nos equipamentos e geradores nas instalações
de cada cidade foi em torno de R$ 500.000,00, com payback previsto para cerca de cinco anos. A redução nos custos mensais
de energia elétrica chega a R$ 12.000,00, em Carlos Barbosa (suficiente para zerar a conta com energia da granja e de
parte da estação de tratamento de efluentes). Em Selbach, foi conseguida a
redução de 60% no uso de energia elétrica, o equivalente a cerca de R$ 8.000,00
mensais.
Dentro de sua visão de operar dentro de princípios de sustentabilidade,
a partir de 2015 a Cooperativa Santa Clara iniciou estudos e executou o projeto
para otimizar o sistema de biodigestores. Em paralelo, iniciou estudos e
projetos para transformar a caldeira à lenha de sua indústria frigorífica em
sistema flex (lenha e/ou biogás), de
forma a aproveitar o biogás excedente gerado pela expansão da capacidade dos
biodigestores, como também como alternativa para obter energia térmica para
aquecer a água interna do frigorífico e fornecer aquecimento aos animais nas
granjas.
Em 2016, como forma de aproveitar os benefícios da geração própria de
energia por meio dos biodigestores, a empresa iniciou estudos e ainda hoje
busca viabilizar formas para que a energia gerada na granja de Selbach possa
reverter o excedente em energia elétrica em créditos junto à rede de
distribuição, dentro dos critérios da geração distribuída (GD) regulamentada
pela ANEEL.
BENEFÍCIOS DO SISTEMA DE BIODIGESTÃO
·
Importante
fonte de energia renovável, frente à crise e à escassez das fontes energéticas
convencionais;
·
Queima de
biogás pode ser feita produzir duas formas de energia: calor e eletricidade.
·
Redução de
impactos negativos ao meio ambiente com a redução da emissão de gases
causadores do efeito estufa e do descarte incorreto de resíduos no solo e nas
águas dos mananciais.
·
Processo
de biodigestão de dejeto animal in natura
de forma a transformá-lo em um líquido adequado para ser depositado no solo,
sem impacto ambiental, sem odor, nem liberação de gás metano para atmosfera.
·
Produção
de biofertilizantes, que substituem fertilizantes químicos.
·
Proteção
do solo: nos biodigestores, a matéria orgânica é isolada de maneira a evitar a
contaminação de solo e lençol freático com possíveis microorganismos
patogênicos presentes nos resíduos.
·
Contribuição
para a redução do aquecimento global.
A operação
e o manuseio dos biodigestores são relativamente fáceis. Há manutenções
periódicas de troca de óleo, velas, correias (como em um motor de automóvel) e
troca do meio filtrante do gás (carvão ativado ou maravalha de aço) que retira
a umidade para evitar a geração de ácido sulfídrico. O custo da manutenção é em
torno de R$ 1.400,00 por mês.
Com este projeto
pioneiro de sistema de geração de energia com recursos naturais renováveis, a
Cooperativa Santa Clara cumpre sua proposta de preservação ambiental e
demonstra consciência de que para construir não é necessário destruir.
DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE COOPERATIVA SANTA CLARA
PEDRO HENRIQUE JUNG – ENGENHEIRO AMBIENTAL
FUNDAÇÃO PROAMB COMUNICAÇÃO