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05/12/2022

Coprocessamento é oportunidade para o resíduo se tornar um novo produto


    Uma das tecnologias mais eficientes na recuperação energética de resíduos, o coprocessamento foi introduzido de forma pioneira no Rio Grande do Sul pela Fundação Proamb, que mantém em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre, uma das plantas mais modernas da América Latina. O trabalho, certificado pela ISO 9001, foi tema de uma entrevista no canal O Perito Ambiental, mantido pelo engenheiro ambiental Rafael Tímbola no YouTube, com a responsável técnica pela operação da unidade, a também engenheira ambiental Ana Clara Kirsten.

    Na conversa, Ana detalhou os processos produtivos da planta e falou sobre os benefícios do coprocessamento para as empresas e para o meio ambiente. “Todos os resíduos cujas características fecham com as do coprocessameto são aproveitados para gerar um novo produto, e não apenas um lixo”, destaca Ana.

    Na unidade, os resíduos que chegam passam por uma descaracterização para virar combustível derivado de resíduo, o CDR, um blend de alto poder calorífico utilizado para a queima do clínquer nos fornos de cimenteira. No processo, os resíduos são triturados, passam por um extrator magnético, a fim de retirar possíveis materiais metálicos, e depois são peneirados para separação de material. “Os que atingem a granulometria de 50mm, uma das especificações das cimenteiras para que o material possa ser utilizado, são encaminhados para a expedição. Os que não atingem passam por uma segunda trituração”, explica Ana.

    Além do tamanho, o blend precisa atender outros parâmetros, como poder calorífico e teores de cloro e cinzas. As principais fornecedoras de resíduos são indústrias das áreas calçadista, de borracha e do plástico, além de refinarias de petróleo. Pequenos geradores como oficinas mecânicas e postos de combustíveis também contribuem. Entre os materiais, estão borras de tinta e solvente, refugos de plásticos, madeiras, têxteis, serragem contaminados com óleos e outros materiais inflamáveis.

    O blend produzido pela Proamb é de alta qualidade e substitui parte do coque do petróleo utilizado para manter os fornos das cimenteiras em altas temperaturas. Ana explica que alguns deles chegam a 1.450°C. “Nosso laboratório analisa cada lote antes de expedir para cimenteira. Nosso CDR tem poder calorífico de 4 mil quilocalorias, o coque tem em torno de 8 mil quilocalorias. Então, nosso blend garante a estabilidade do forno e também a qualidade do cimento”, diz.

    Um outro aspecto do coprocessamento ressaltado por ela na conversa é a destinação ambientalmente correta dos resíduos. Um fator importante é que o coprocessamento elimina 100% dos passivos ambientas. Todas cinzas geradas na hora da queima são agregadas ao cimento, eliminando todo e qualquer passivo”.

    O aspecto ambiental do coprocessamento é um dos grandes diferenciais dessa tecnologia. Além de eliminar os passivos ambientais, evita que materiais sejam enviados a aterros ou lixões. Segundo Ana, estudos indicam que a recuperação energética de resíduos gera oito vezes menos emissão de gases do que a sua destinação para processos convencionais. Na Proamb, há ainda um outro fator ambientalmente correto reforçado por Ana. “Somos os únicos no Brasil a fazer a expedição do CDR em fardos, o que representa um grande ganho logístico. Os caminhões com CDR a granel transportam cerca de 15 toneladas. Com CDR enfardado, cada caminhão transporta mais do que o dobro, 35 toneladas. Com isso, é menos caminhão na estrada e menos emissão de CO2”, analisa.


    A íntegra da entrevista pode ser vista aqui (https://www.youtube.com/watch?v=AXCOpp3eqrw).


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