Sensibilizar gestores públicos e profissionais da área ambiental sobre a necessidade de inserir o Brasil numa mudança cultural quanto à gestão de resíduos configura-se no objetivo central do curso ‘Modelo Alemão de Gestão de Resíduos’ que a Fundação Proamb promove em outubro.
Em parceria com três instituições da Alemanha, o treinamento online aproximará a tecnologia utilizada no país para o gerenciamento de resíduos sólidos, envolvendo desde a cadeia de separação e reciclagem até a recuperação energética e disposição final.
As aulas serão ministradas em duas semanas, entre os dias 18 e 29 de outubro, com tradução simultânea para o português. A primeira delas será dedicada a apresentações e legislações, com membros da chancelaria do Estado alemão de Mecklemburg-Pomerânia Ocidental, região ao nordeste da Alemanha. “Na Alemanha, existe uma sinergia entre o Estado e as empresas para resolver a questão dos resíduos. Há um diálogo muito franco entre setor público e iniciativa privada. O Estado atua para garantir às usinas de reaproveitamento de resíduos que elas sejam um negócio economicamente viável”, diz o engenheiro Diego Tarragó, da área de Novos Negócios da Proamb.
É nesta fase do curso, também, que os participantes serão convidados a desenvolver um pequeno projeto na área de gestão de resíduos. A tarefa será coordenada em grupo e com os organizadores, de modo a exercitar os ensinamentos, que serão ampliados na semana final do curso, dedicada à parte técnica. Nesta etapa, os participantes terão a oportunidade de fazer um tour virtual guiado nas empresas, conhecendo aterros sanitários, centros de reciclagem de polímero, planta de tratamento energético de resíduos e centro de pesquisa e desenvolvimento em resíduos. A visita será conduzida pelos gestores das unidades, que mostrarão cada setor das empresas e explicarão seu funcionamento. Antes do encerramento do curso, os participantes apresentarão seus projetos.
No ano passado, o mesmo curso já foi assistido por importantes agentes públicos do Rio Grande do Sul. Técnicos da Fepam, órgão licenciador do Estado, e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, além da Secretaria de Meio Ambiente de Bento Gonçalves participaram do treinamento. Quem também acompanhou as aulas foram professores da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e integrantes da própria Proamb e do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (Cisga).
Antes disso, em 2019, a Proamb e uma equipe envolvendo representantes do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS) estiveram na Alemanha fazendo o mesmo treinamento. “Acompanhamos na prática como funcionam as usinas durante um mês e identificamos que era uma boa oportunidade trazer o curso para o Brasil. Vimos como funciona a legislação, os procedimentos e até como montar uma usina. São tecnologias totalmente aplicáveis aqui”, diz o engenheiro de Produção da Proamb Márcio André Kronbauer.
Esse movimento, ao mesmo tempo que cumpre um dos papéis da Fundação Proamb em disseminar conhecimento, também alerta para uma necessidade. Em breve, o Brasil precisa voltar seu olhar para o aproveitamento dos resíduos. “O que estamos fazendo é um trabalho de sensibilização, para mudar essa cultura. Temos que tratar o lixo como deve ser tratado, valorizar o resíduo”, comenta Kronbauer.
Enquanto países como a Alemanha destinam apenas 3% de seus resíduos sólidos urbanos para aterros, o Brasil envia 100%. Isso ocorre porque há uma cultura errônea no descarte e um mercado para isso, aponta Tarragó. “Aqui, é mais barato enviar para aterro porque há uma estrutura montada para isso. Lá, esse serviço é o mais caro. Não é que vamos acabar com os aterros, porque ainda não se tem tecnologia para aproveitar 100% dos resíduos, mas a ideia é introduzir isso em etapas, com legislação, para diminuir a quantidade de material que vai para esse destino”, observa.
Depois de um trabalho que começou ainda no pós-guerra, a Alemanha tornou-se referência mundial em gestão de resíduos. “Eles tinham montanhas deles, escombros da II Guerra, e precisaram reciclar esse material”, explica Kronbauer. É com a ajuda desse histórico de mais de 70 anos na expertise de tratar resíduos e com a tecnologia de ponta alemã que a Proamb pretende ingressar o Estado num novo cenário. “Queremos estabelecer as principais bases para estar num patamar melhor daqui 10, 20, 30 anos”, diz Tarragó.
Página do Projeto: https://www.waste2brazil.com
Serviço
O que: curso ‘Modelo Alemão de Gestão de Resíduos’
Quando: 18 a 29 de outubro de 2021 (segunda à sexta-feira), das 9h às 13h e das 14h às 15h
Quanto: a partir de R$ 3.000
Inscrições e informações: telefone ou Whatsapp (54) 3055-8746
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